terça-feira, 29 de abril de 2008

Compras no shopping

Loja de CD ( sim , eu ainda compro cd´s)

Eu: Olá boa tarde! Já chegou o novo da Adriana Calcanhotto?
Vendedora1: Sim, temos o da Ana Carolina, o novo
Eu: Certo, mas o Maré da Adriana já chegou?
Vendedora1: Você já tem o da Ana Carolina?
Eu ( pacientemente): Sim, já tenho. O da Adriana ainda nada. Tem previsão?
Vendedora1~: Não, não temos, mas temos várias coletâneas
Eu: ... ( enquanto me volto para a prateleira e pego um da Roberta Sá). Neste momento, penso alto e verbalizo em hora errada: Poxa, como é mesmo o nome daquela outra cantora que apareceu na mesma época que a Roberta?
Vendedora 1( super descolada); Marisa Monte? Luíza Possi?
Eu ( já me tremendo todinha): Não, Mariana Ayddar, mas vou levar o da Roberta. Obrigada
Vendedora1: Ah tá junto com os dvd´s do Chico?
Eu: Do Chico? Cadê? Não, acho que não, só o cd mesmo. É pra presente. Obrigada (Pensando: Eu peguei no Chico? Onde ele tá?)

Loja de sapato;

Eu ( estava insistente): Oi, eu queria ver esse sapato aqui, número 36
Vendedora 2: 36? Só lá em cima. Tenho que ir buscar. Não serve o 35?
Eu: Olha eu acho que não serve não. Eu queria ver o verde e o lílas
Vendedora2: Vai aprovando o 35, enquanto eu vou buscar ( grande má vontade)
Eu: tá....( com doido a gente não discute, até obedece)
Vendedora2: Olha tá aqui ( vejo só o verde, enquanto ela muda de assunto). Poxa, essa chuva terrível, estou doida pra ir embora ver como ficou a história da menininha;
Eu: Chuva mesmo...( enquanto brigo com o sapato 35) Que menininha? ( pra quê fui perguntar...)
Vendedora 2: A Isabella, a chave que quebrou a cabeça dela, os pais iam fugir para Portugal. Menina, o mundo tá perdido. Tu viu a história do pai que abusou a filha por anos e tem seis filhos com ela? Ronaldo se envolveu com travestis. Outro dia eu vi um caso do pai que tinha muitos anos que não via a filha. Quando viu se apaixonou por ela. Tu tem que ajustar melhor esse sapato. É só puxar para regular a alça (visível irritação).
Eu: O mundo tá perdido mesmo. Acho que não é problema de regulagem, o 35 que é pequeno demais mesmo. Vou ver o 36. Não tem mesmo o lílas?
Vendedora2: Não ( preguiça evidente)
Eu: Ok, vou levar. Obrigada!

Poderia também contar minhas aventuras comprando calças. Quando peço 36 e as vendedoras me trazem sempre uma 34 e uma 38 que não vai servir. Em uma não passa no quadril e na outra é plenamente horroroso...mas, deixa pra outra ocasião pra ninguém pensar que eu sou neurótica e acho que as vendedoras me perseguem. Será?

sábado, 26 de abril de 2008

Vida Noturna

Talvez eu já não tenha mais o pique adolescente para ser empurrada, pisoteada e ter o cabelo destruído por fumaça de cigarros legalmente vendidos e afins. Ou então, eu seja anormal e não viva eternamente feliz, em clima de festa fashion. Não acho que eu tenha que ir a um show para encher minha cara e dizer que foi demais. Pelo contrário, vou quando gosto, quero assistir, olhar os detalhes. Enfim, ser feliz ao meu modo, sem desrespeitar as pessoas.
Acho realmente que sou diferente, tenho cólicas em dias de festa e fico extremamente irritada com mulheres em cima dos ombros de namorados, ficantes ou amantes. Pode ser o que for, mas não empate minha visão e nem passe seus cabelos nojentos no meu rosto, na tentativa de me tirar do lugar. Ah que vontade de bater!
Porra, não adianta gritar o nome do Zeca daqui, ele não vai ouvir e eu também não vou ouvir nada que ele tá cantando. Só tua voz esganiçada, desafinando e errando a letra ao meu ouvido.
Ele canta " Versos Perdidos". Eu adoro, mas enquanto curto o pedaço " Meu grande amor, de versos perdidos...." O grito continua ao meu ouvido. Não sabe a letra que tal ouvir?
Enfim, estou ficando velha!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

SENSORIAL ( Adélia Prado)

Obturação, é da amarela que eu ponho.
Pimenta e cravo,mastigo à boca nua e me regalo.
Amor, tem que falar meu bem,
me dar caixa de música de presente,
conhecer vários tons pra uma palavra só.
Espírito, se for de Deus, eu adoro,
se for de homem, eu testo com meus seis instrumentos.
Fico gostando ou perdôo.
Procuro sol, porque sou bicho de corpo.
Sombra terei depois, a mais fria.

sábado, 5 de abril de 2008

A benzedura e o padre

Fui batizada bem tarde, acho que aos seis anos. Isso talvez nao significasse muito para mim na época, ao menos escolhi os meus padrinhos e também pude acompanhar boas histórias da cerimônia. Não sei dizer ao certo o motivo do Padre que realizou a cerimônia ter se afeiçoado tanto a nossa família, mas no início isso era visto como uma grande vantagem pela minha mãe, católica fervorosa. Ele se ofereceu para abençoar a casa e, ela, lógicamente e aceitavelmente envaidecida, tratou de contar a boa novidade para as amigas da escola que ela trabalhava.
Desde que resolveu contar...se estabeleceu o drama em minha casa. Alguém disse a ela que o padre, toda vez que benzia uma casa, morria um membro da família. Mamãe, assustada, acreditou na versão e na relação do padre com as mortes. Vários personagens e situações foram ditas a ela e isso mudou o rumo dos fatos.
Toda vez que o telefone tocava, o medo se instalava na minha mãe e em mim...uma criança assustada e com medo da morte. Podia não ser o padre, mas o susto que o tilintar do telefone fazia, causava um nervoso imenso. E ele ligava também e muito: "Oh senhora, quando marco minha visita a sua casa", perguntava ele, para o desespero da minha mãe que rezava todos os dias para o sacerdote esquecer o telefone lá de casa. As preces foram atendidas. Pouco tempo depois, ficamos sabendo que ele voltou a morar na Itália, mamãe finge que esqueceu a história e eu continuei a fantasiar sobre morte e religião.
Depois do Padre, alguém me disse que os grandes matadores eram os membros da marçonaria, eles faziam um contrato com o homem da casa e davam dinheiro e tudo mais, depois cobravam uma prenda. A vida de quem abrisse a porta para o cara qquando ele fazia a visita no prazo determinado. Eu era criança e a morte era coisa muito simples e mística