terça-feira, 19 de novembro de 2013

Moral e bons costumes?


Não gosto da minha voz gravada e nem gosto de me avaliar em vídeo, talvez, por isso, nunca faria nesse lance de vídeos íntimos. Por outro lado, acredito que todas as meninas que se deixaram filmar ou fotografar em cenas de sexo estabeleceram com o parceiro (ou parceiros, não importa quantos estavam envolvidos no contexto) um contrato de confiança. Mesmo sem me deixar fotografar ou filmar, geralmente os relacionamentos ( e não estou falando só de sexo) são pautados por uma confiança que se estabelece e, claro, nem todos os relacionamentos acabam bem e muitos desses contratos são quebrados. 
As fotografias ou gravações relatam uma cena em que aquelas pessoas viveram, somente a elas, aquilo tem um significado, quando divulgados à revelia perdem o sentido, descambam para o vulgar, para a chacota e, claro, para o julgamento. 
Por isso, deve ser tão chocante quando  um dos envolvidos se vê exposto a julgamentos de toda a ordem. Toda a moral e os bons costumes com o dedo em riste recriminando algo tão comum nas alcovas. 
Confesso ter ficado extremamente triste com a garota que se matou por causa de um vídeo erótico dela divulgado.  Situação semelhante ocorreu com um garoto (acredito que norte-americano) que se suicidou ao ter suas intimidades divulgadas por um colega de quarto que, sem que ninguém soubesse (sem a tal autorização da vítima), instalou uma câmera e mostrou o jovem com seu namorado.
Esses crimes que agora estão sendo discutidos ( e tem de ser mesmo e rápido) para mim não são novos, a diferença é a propagação veloz da internet. Lembro quando eu era adolescente e as tais “garotas que transavam” tinha sim suas intimidades reveladas por seus antigos parceiros que, no intervalo da aula. Meninos cheios de hormônios narravam com precisão de detalhes todas as mil e uma posições que a moça vez e, claro, outros garotos chegavam junto (na maioria dos casos, constrangendo a menina) e as “meninas direitas”, claro que se afastavam e torciam o nariz para “aquela menina que não se dá valor”. Nunca ninguém questionava o motivo de aqueles garotos estarem agindo assim feitos animais. Eu ouvia muito das minhas amigas “direitas” que eram apaixonadas pelos garotos populares: “Ah, fulano é homem e fulana é vagabunda, vive se oferecendo”.

 Aliás, esse lance de valor  e de que “fulano é homem e tem direito a comer quem ele quiser” até hoje é algo corriqueiro para justificar o machismo e de que alguém seja ridicularizado pelo fato de gostar de sexo. Não quero causar polêmica, mas acho que vale uma reflexão ou será que  mesmo com a internet, mesmo metidos a modernosos “ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”?