Não gosto da minha voz gravada e nem gosto
de me avaliar em vídeo, talvez, por isso, nunca faria nesse lance de vídeos
íntimos. Por outro lado, acredito que todas as meninas que
se deixaram filmar ou fotografar em cenas de sexo estabeleceram com o parceiro
(ou parceiros, não importa quantos estavam envolvidos no contexto) um contrato
de confiança. Mesmo sem me deixar fotografar ou filmar, geralmente os relacionamentos ( e não estou falando só de sexo) são pautados por uma confiança que se estabelece e, claro, nem todos os relacionamentos acabam bem e muitos desses contratos são quebrados.
As fotografias ou gravações relatam uma cena em que aquelas
pessoas viveram, somente a elas, aquilo tem um significado, quando divulgados à revelia perdem o sentido, descambam para o vulgar, para a chacota e, claro, para o julgamento.
Por
isso, deve ser tão chocante quando um
dos envolvidos se vê exposto a julgamentos de toda a ordem. Toda a moral e os
bons costumes com o dedo em riste recriminando algo tão comum nas alcovas.
Confesso ter ficado extremamente triste com a garota que se
matou por causa de um vídeo erótico dela divulgado. Situação semelhante ocorreu com um garoto
(acredito que norte-americano) que se suicidou ao ter suas intimidades
divulgadas por um colega de quarto que, sem que ninguém soubesse (sem a tal
autorização da vítima), instalou uma câmera e mostrou o jovem com seu namorado.
Esses crimes que agora estão sendo discutidos ( e tem de ser mesmo e rápido) para mim não
são novos, a diferença é a propagação veloz da internet. Lembro quando eu era
adolescente e as tais “garotas que transavam” tinha sim suas intimidades
reveladas por seus antigos parceiros que, no intervalo da aula. Meninos cheios
de hormônios narravam com precisão de detalhes todas as mil e uma posições que
a moça vez e, claro, outros garotos chegavam junto (na maioria dos casos,
constrangendo a menina) e as “meninas direitas”, claro que se afastavam e
torciam o nariz para “aquela menina que não se dá valor”. Nunca ninguém
questionava o motivo de aqueles garotos estarem agindo assim feitos animais. Eu
ouvia muito das minhas amigas “direitas” que eram apaixonadas pelos garotos
populares: “Ah, fulano é homem e fulana é vagabunda, vive se oferecendo”.
Aliás, esse lance de
valor e de que “fulano é homem e tem
direito a comer quem ele quiser” até hoje é algo corriqueiro para justificar o
machismo e de que alguém seja ridicularizado pelo fato de gostar de sexo. Não
quero causar polêmica, mas acho que vale uma reflexão ou será que mesmo com a internet, mesmo metidos a
modernosos “ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”?