segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Festa do Teatro Nordestino



Matéria Publicada em O Estado do Maranhão edição de 18/09/2007


Teatro agita Guaramiranga
Festival Nordestino de Teatro acontece até sábado, no Ceará, reunindo grupos de toda a região


Bruna Castelo Branco

enviada especial


Guaramiranga - Com tradição de teatro popular, a cidade de Guaramiranga, no Ceará, desde sexta-feira última transformou-se na capital da arte com a realização do Festival Nordestino de Teatro, que prossegue até sábado, 22. O evento, que este ano completa 14 edições, já se transformou em uma referência para apreciadores das artes cênicas. Durante os dias do festival, a cidade que tem um pouco mais de cinco mil habitantes, atrai um público que chega a mais de 10 mil pessoas. No evento, o Maranhão está representado pela Cia. Tapete Criações Cênicas.

A partir deste ano, o festival não tem caráter competitivo. Todos recebem prêmio de participação e a única votação mantida foi a de júri popular. Dos 27 grupos que se apresentam, 12 serão escolhidos para participar da Mostra Nordeste do ano que vem. Mesmo não sendo competitivo, os espetáculos são avaliados em ciclos de debates, coordenados pela secretária de Cultura e Turismo de Sobral, Rejane Reinaldo, com participação do ator e diretor Luiz Carlos Vasconcelos; da professora de teatro da Universidade Federal da Bahia, Hebe Alves; e do membro do Conselho Estadual, Augusto Pontes.

Os espetáculos foram escolhidos a partir de seleções feitas por curadores em cada estado nordestino. Cada curador indicou três peças que foram avaliadas pela organização do espetáculo. O Maranhão está representado pela Cia. Tapete Criações Cênicas, que apresenta hoje, em duas sessões, o espetáculo Medeia In Mortal. Além disso, o diretor da peça, Urias de Oliveira e a atriz Claudiana Cotrim são responsáveis pela oficina Corpo, Expressão e Movimento que será realizada quinta-feira.


Cortejo

Além das oficinas, espetáculos e laboratório para crianças, adolescentes e jovens que integram grupos de arte mantidos pela Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga (Agua), um dos pontos altos do festival é o cortejo teatral que acontece nas ruas de Guaramiranga e é realizado sempre no segundo dia do evento.

O cortejo é organizado pelos moradores da cidade e reúne, principalmente, os grupos de teatro local que aproveitam o momento para fazer pequenas performances durante o desfile que é embalado pela percussão do Grupo Batuqueiros, que integra o projeto Caravana Cultural, e cujo repertório é uma pesquisa de várias manifestações culturais e reúne elementos do maracatu cearense, balancê e afoxé.

Do Maranhão os ritmos do bumba-meu-boi de zabumba, matraca, orquestra e costa de mão, o tambor de crioula e o cacuriá foram escolhidos para representar as manifestações culturais do estado. Durante o cortejo, um dos destaques foi quanto o grupo, ao som dos tambores, cantou a toada Urrou do Boi, do Boi de Pindaré, que foi composta cantador Bartolomeu dos Santos, o Coxinho. A toada de 1972 é, desde 1991, o Hino Cultural e Folclórico do Maranhão. O fim do cortejo é com uma grande ciranda feita na praça principal da cidade.

O Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga conta com o patrocínio da Oi e será encerrado sábado com o show, no Teatro Municipal Rachel de Queiroz, do grupo paulista Teatro Mágico.
Iniciativa que rendeu frutos


Criado em um momento em que a economia da cidade estava estagnada por causa do declínio do ciclo de café que movimentava a economia local, o Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga foi uma saída encontrada para atrair turismo para a região aproveitando uma das tradições populares que era o teatro de rua, os chamados dramas, organizados pelas trabalhadoras rurais. O sucesso do festival, além de estimular a rede hoteleira da cidade, abriu caminho para outros eventos culturais, como o Festival de Blues e Jazz, que acontece durante o período carnavalesco, ou o Festival de Gastronomia.

“A nossa primeira atração foi o Festival de Teatro por causa desse traço cultural muito forte que era o teatro de drama e potencializamos o desenvolvimento da cultura local”, explica Luciano Bezerra, presidente da Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga (Agua), entidade que idealizou o evento.

Para os representantes do teatro popular, o crescimento e o reconhecimento das artes cênicas em Guaramiranga é motivo de felicidade e orgulho. Como é o caso de Dona Zilda Eduardo, 84 anos, que começou a criar os dramas aos 16. “Eu tenho umas 75 peças escritas em um caderno, mas eu vou mudando as cantigas a cada apresentação e acho muito bonito o festival. Eu gosto muito”, conta.

Hoje, os dramas que ela escreveu foram catalogados e devem ser lançados ainda este ano. A intenção é que os espetáculos não se percam da história das manifestações teatrais da cidade. A pesquisa demorou três anos para ser concluída e reúne os dramas escritos por quatro senhoras da região.

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Anônimo disse...

belo texto, bruna. li por aqui, ahah... abração!