sábado, 21 de julho de 2007
Baleiro em coletânea
Comemorando 10 anos de carreira, contados a partir do primeiro CD, Por Onde Andará Stephen Fry?, o maranhense Zeca Baleiro lançou o álbum Lado Z, coletânea que reúne parcerias e homenagens a outros compositores. As gravações fazem parte de trabalhos paralelos do artista, feitas ao longo de uma década, incluindo participações especiais em discos de outros artistas.
A idéia de juntar em um mesmo álbum algumas parcerias musicais e reverências surgiu ano passado, mas o lançamento coincidiu com os 10 anos de estrada. “Desde o ano passado estamos recolhendo essas participações, que totalizam mais de 70. Acabou por coincidir com este “aniversário”, o que nos estimulou a lançá-lo agora”, disse Zeca Baleiro em entrevista, por e-mail, a O Estado.
Lançado pela MZA Music, o álbum traz 13 faixas. Dentre as músicas do CD, a inédita Menina Jesus, composta por Tom Zé. A música era para ser gravada no álbum Pet Shop Mundo Cão (2002), mas acabou ficando de fora do projeto. O álbum reúne também interpretações surpreendentes de Zeca Baleiro, perpassando por diversos estilos musicais como os clássicos bregas Eu, você e a praça, de Odair José, que integra o CD Eu vou tirar você desse lugar, em homenagem ao ícone brega, gravado em 2005, e Meu coração está de luto, de Waldick Soriano, interpretada por Baleiro no DVD Baladas do asfalto e outros blues, ao vivo (2006).
Zeca Baleiro passeia pelo samba na música Salve a Mulatada Brasileira, com Martinho da Vila, e o pós-brega Radiografia, parceria com Vanessa Bumagny. Além disso, tem Forró no Malagueta, com a banda Forróçacana, e a parceria bem humorada com o também maranhense Tião Carvalho, na música De Teresina a São Luís, uma homenagem a João do Vale. Dentre outros, registros da parceria com Lobão, Raimundo Fagner, Jards Macalé e Rolando Boldrin.
A diversidade de estilos musicais em um mesmo álbum foi intencional. “Existiu a intenção de que a coletânea fosse o mais abrangente possível, mostrando uma fração considerável do que fiz nesses 10 anos, além do que está nos meus próprios discos, claro”, frisa.
Na avaliação de Zeca Baleiro, a parceria com Tião Carvalho é um dos destaques no disco. A música foi gravada no álbum Tião Canta João (2006), projeto em homenagem a João do Vale. “Gosto muito do dueto com Tião Carvalho na canção. Admiro muito o Tião e nunca havia gravado nenhuma música do João do Vale, que é para mim um dos maiores gênios da música brasileira. Mas gosto de tudo no disco, afinal ajudei a escolher o repertório, e é uma honra dividir vocais com gente que admiro, como Boldrin, Martinho, Lobão e Jards Macalé”, ressalta.
Experiências com parceiros musicais já é uma das características marcantes da carreira do artista. “Tenho uma parceria ensaiada com Ednardo, que ainda não rolou. Neste último ano, aumentei consideravelmente meu ‘magote’ de parceiros. Fiz música com Frejat, Zélia Duncan, Odair José e Márcio Greyck. Gosto muito dessa ‘promiscuidade’ criativa”, frisa.
Para o artista, comemorar uma década bem-sucedida é um resultado de muito esforço pessoal. “São muitas as dificuldades que um artista novo enfrenta hoje para conquistar audiência para seu trabalho. Vejo por aí muita gente talentosa sem o espaço merecido. Por outro lado, a falência do mercado do disco, e a evolução de mídias, como a internet, abriram outras picadas, coisa que acho muito salutar. O artista não pode nem deve viver à mercê de gravadoras e marqueteiros, tem que criar seu próprio caminho. Não me pergunte como pois não tenho a receita, mas trabalhar incansavelmente é um bom começo”, observa.
PROjetos
Lado Z, a princípio, não terá divulgação com shows, por opção do artista. “Não me agrada a idéia de ‘trabalhar’ uma coletânea. Trabalhar um disco é algo que dispende muita energia, melhor guardá-la para quando eu fizer um novo, de inéditas”, enfatiza.
O álbum faz parte de um projeto único, pois não é projeto do artista lançar outra coletânea. Ao contrário, Baleiro já planeja três álbuns que devem ser lançados nos próximos dois anos. “Senão vão pensar que a minha fonte secou, o que não é verdade. Tenho na gaveta (da cabeça) vários discos de inéditas. Nos próximos dois anos penso em fazer um de samba, outro de reggae, um dedicado ao brega, além de um infantil, que já comecei a fazer sem muita pressa”, adiantou.
Além dos álbuns de inéditas, o artista prepara ainda uma homenagem póstuma ao compositor maranhense Lopes Bogéa, intitulado Balançou no Congá. O álbum deve reunir participações especiais de Alcione, Beth Carvalho, Genival Lacerda, César Teixeira, Josias Sobrinho, Chico Saldanha, dentre outros. “Lopes era um craque, um compositor bastante versátil e espirituoso, com uma verve incrível. Mas gravou muito pouco. Esse disco vem fazer justiça ao seu grande talento. Para este ano também, há o projeto de relançar, pelo meu selo, O Samba é Bom, CD do Antônio Vieira que produzi e que foi lançado há uns seis anos”, adianta.
Serviço
>>cd/lançamento
Lado Z, de Zeca Baleiro
>>gravadora
MZA Music
>>preço
R$ 25,00 (em média)
( Publicado em O Estado do Maranhão 15/07/2007)
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