sexta-feira, 27 de maio de 2011

Depois de uma partida

Já faz um tempo que tudo aconteceu, não consigo mais fechar os olhos e ouvir o seu sorriso, pra ser bem sincera,  nem consigo mais olhar nos seus olhos.
Você, ou pelo menos aquilo que eu achava que era você, não existe mais materialmente, apesar de seu corpo continuar aí. Neste exato momento, bem na minha frente.
Não nego que senti a falta desse  que só existia na minha cabeça. Por algum tempo, esperei que voltasse e que tudo não fosse verdade, mas isso nunca seria possível.
Tudo foi acabado, nossa colcha sagrada manchada. No meu coração foi enfiada uma faca fina e afiada, ela foi girada em câmera lenta dentro dele, espalhando sangue e sentimentos por todos os lados.
Eu ainda andei com essa faca no corpo por algum tempo, acho que a dor era a única coisa que fazia eu me sentir viva, era algo que me fazia continuar,  mas a dor começou a ficar forte demais e eu percebi que não precisava tanto assim dela. Na verdade, desconfio que você sempre precisou mais dela que eu.
Você t precisava daquela faca ali onde ela estava, toda vez que se sentia inseguro ia lá e dava uma giradinha. Permitia que você fizesse isso, a culpa também era minha, tanto que eu deixei de contar para as pessoas e me envolvia superficialmente com vários. O superficial era sempre uma espera inconsciente que você voltasse.
Você voltava, ligava, chorava e suas lágrimas sempre foram ácido no meu coração.  A minha dor fazia com que se sentisse amado e que sempre tinha alguém te esperando. Girou por várias vezes, doía e eu comecei a sofrer em silêncio, até não ter mais coração.

domingo, 22 de maio de 2011

"Aqui é dor, aqui é amor, aqui é amor e dor:


onde um homem projeta seu perfil e pergunta atônito:

em que direção se vai?”

(Adélia Prado: O Coração Disparado)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Boto

Na mitologia Amazônica, encontramos o Boto Rosa, que tem o poder de emergir das águas do rio a noite, e se transformar num belo homem, para seduzir as muheres que se sentem atraídas pelo seu estranho fascínio. Apresenta-se sempre de terno branco e traz na cabeça um chapéu também branco para ocultar os orifícios que estão em sua cabeça e pelos quais respira. A lenda está ligada aos ribeirinhos, às festas juninas, aos bailes caseiros e populares e, principalmente, as moças solteiras e românticas.
Alto, bonito, todo de branco e chapéu na cabeça. Gentil , todas as moças ficam encantadas. E ele escolhe uma e a leva para a praia ou a beira do rio. Depois nunca mais é visto pelas redondezas, a moça fica grávida e, por causa do encantamento, não se mostra arrependida.  Dizem que geralmente nasce um menino, o filho do Boto.
Dizem que é lenda né? Pois eu creio que o boto existe. Claro que ele não é um boto, é um homem que não se aproveita de mocinhas românticas em beira de rio. Experiente, sabe chegar na moça, aparentemente inteligente, mas fragilizada emocionalmente e que se sente atraída pela figura meio homem e meio paternal. No fundo, mulher sempre quer uns momentos de proteção.
O encantamento dura muito pouco, na maior parte dos casos não deixa filhos, mas é capaz de modificar de forma implacável várias vidas

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Criminoso

Movimentos

"Existe uma coisa que me dói perder, existe uma coisa que custei a ganhar ..."


Não sei em qual momento eu andei rápido demais e me deixei conduzir para um caminho tão diferente e tão sombrio.
Desconheço qual foi o movimento meu (ou seu) para direita ou para a esquerda que modificou por completo os rumos dos acontecimentos. Ia tudo tão bem, tão normal, mar sem ondas...
Eu não negaria nem para mim que sinto a falta, de ouvir o telefone tocar e falar o apelido que era só nosso. De falar coisas importantes ou não. Quando quero falar com os olhos. Hoje sei que não tem volta, erros, enganos, riscos, desafios de quem pensava saber ser gente grande
"Como você me dói, vezenquando..."

quarta-feira, 4 de maio de 2011