quarta-feira, 30 de junho de 2010

Minha felicidade


"Pelo tempo que eu quisesse, é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. (...) As vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo"

(Felicidade Clandestina, Clarice Lispector)

Por que ter um livro valioso  é igual a ter  uma amizade verdadeira, por mais que se finja não lembrar, ela estará sempre lá, latente e bonita.

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Unknown disse...

cara, todo mundo resolveu ler Felicidade Clandestina hoje? é a terceira vez que leio este trecho hoje, detalhe, de três amigas minhas que não se conhecem... uma de Macéio, outra de Teresina, e você ai na Ilha, é parece que Clarice é unânimidade! Mais ela tá mais do que certa... ter amigos é uma achado mesmo!