segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Grande Hotel (Wilson das Neves/Chico Buarque)

Vens ao meu quarto de hotel
Sem te anunciares sequer
Com certeza esqueceste que és
Que és uma senhora
Vejo-te andar de tailleur
Atravessando a novela
Sentes prazer em falar
De sentimentos de outrora

Deito-me no canapé
Não sem antes abrir a janela
E ver tuas palavras ao léu
Jogas conversa fora
Sabes que estive a teus pés
Sei que serás sempre aquela
Pretendes me complicar
Mas passou a nossa hora

Não me incomodo que fumes
Podes mesmo te servir à vontade do meu frigobar
Ou levar um um souvenir
Dispõe do meu telefone
Desejando, liga o interurbano pra qualquer lugar
E apaga a luz ao sair

Quando eu pensava em dormir
Tu chegas vestida de negro
Vens decidida a bulir
Com quem está posto em sossego
Entras com ares de atriz
Sabes que sou da platéia
Deves pensar que ando louco
Louco pra mudar de idéia, não?
Pensas que não sou feliz
Entras com roupa de estréia
Deves saber que ando louco
Louco pra mudar de idéia

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Da janela...

E outro dia estava indo para o trabalho. Acredito que era uma segunda-feira, desses dias que a gente acorda sem querer observar ninguém, mas passando ali pelo turbulento bairro do João Paulo meus olhos pararam em um vendedor de siriguelas. Não o observei como Ana fez ao avistar o cego no conte de Clarice, mas ele me chamou atenção.
Não era um simples vendedor de siriguelas que chegou a uma certa idade com um emprego informal. Infelizmente, uma realidade de nosso país.
Ele era triste, tinha ombros caídos e olhos tão melancólicos que não levantavam nem com os poucos clientes. Era como se ele estivesse recortado naquele cenário de cofos, caixas e café da manhã no tal "bike lanche" ou naquelas banquinhas de café, bolo ou cuscuz baiano na passagem de estudantes, vendedores, profissionais do comércio com suas inconfundiveis fardas amarelas, aquela confusão de frutas do conde, maçãs, pivetes roubando e guardas de trânsito estagiários causando engarrafamento. Nada daquilo era importante para ele, nem sei se algo ainda tinha lá sua importância.
Tentei comentar com a pessoa do lado, mas desisti. Cada um seguia com suas preocupações e tristezas pessoais, para quê fazer conspirações com problemas alheios? Para nada né
Sei que meus olhos acompanharam até um certo ponto quando não pude mais vê-lo e, com a confusão do dia, esqueci dessa imagem. Ela ficou aqui,guardada em algum ponto da minha cabeça e veio agora quando loguei oblog
Na verdade, ia escrever sobre aniversário e da minha fase pré-madura...mas fica para outra vez

sábado, 19 de janeiro de 2008

Sábado na tevê

Assistindo Altas Horas:
Bruna Lombardi, Bruna Surfistinha e Paulinho Vilhena (???)
Ok, a Lombardi foi lá falar do filme que parece ser bom, quando eu assistir, juro que comento. Ando meio sem tempo, tanta coisa acontecendo e eu sem dizer nadinha...Bem, o Vilhena foi sei lá fazer o quê, mas arriscava e, até se saiu bem, em algumas opiniões sobre cinema
Agora a Raquel Pacheco que colocou na cabeça que Bruna seria um bom nome para prostituta...eu não sei responder o motivo da sua participação
Gente, sem preconceitos, mas o que é Bruna Surfistinha sendo entrevistadas? Depois de três livros ( sim, ela finaliza o terceiro) e aposentada da profissão que diabos essa mulher ainda tem para contar? Acho que todas as dúvidas sobre as opções dessa moça e a história triste de bebida e de drogas, e muitos clientes, todo mundo sabe e não precisa ter lido todos os livros. Ninguém é ingênuo e informações fofocas a gente bem sabe onde encontrar, mas o que me chamou atenção é que parece que a história dela vai virar filme.
Alguém me explica qual relevância social disso? Já sei vão me falar das meninas de classe média que possuem um monte de coisa, mas por problemas de criação acabam entrando em um caminho sem volta e blá blá bla
Sinceramente, eu li algumas páginas do primeiro livro, não entendi as motivações dela para o sexo pago. Parecia mesmo fetiche e, sem falso moralismo, deu a impressão que, em muitos momentos, ela adiciona aos rituais de programas muitas pitadas de glamour, a grande maioria dos clientes eram limpinhos e delicados. Sexo é bom, pago e carinhoso parece legal...mas pura fantasia, essa moça nunca chorou arrependida? Essa profissão nunca foi cruel? A única coisa que fez ela largar a vida foi a paixão pelo rapaz lá? Eu duvido!
Será que a história da moça nas telas não terá o efeito contrário? Ao invés de levantar um assunto de alerta as famílias de classe média, estimular o diálogo com os filhos esse filme não dará a profissão, que não deve ser fácil, um tom de idolatria, maestria e se tornará a síndrome da cinderela burguesa pós-moderna?
Por favor, o assunto em livro já é mais que suficiente.