quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Morte Anunciada (outras nem tanto assim)

" Morreu na contramão atrapalhando o tráfego..."
Não consegui tirar da minha cabeça o trecho de Construção (Chico Buarque), quando vi em um site a morte do Laurixto, envolvido em pistolagem, há mais de dez anos e cumprindo pena em regime semi-aberto pela morte do delegado Stênio Mendonça na Avenida Litoranêa em um domingo de 1997.
Pois bem, a avenida e o horário escolhidos para os assassinos realmente faz parte de um momento ousado. Dia claro, movimento de pernas para todos os lados, brancas, pretas e amarelas, buzinas, ônibus, semáforos e, claro, guardas de trânsito. Nada impediu que o assassino descesse do carro e lascasse sete tiros no carro que a vítima dirigia até o local onde trabalhava ( uma construtora da família). Além da morte, que por si só, já iria degringolar o tráfego, na tentativa de fugir, a vítima acuada, ainda bateu o carro em uma carreta. Sangue, cheiro de morte , acidente, assassinato e trânsito lento.

MORTE 2

A morte desceu a ladeira e com bicicletas sem freios, só foi parada em um meio-fio, arremessado a uma distância e colidindo com o muro, um cidadão que acabara de votar. Não consegui entender, como é descer em uma bicicleta com grande velocidade em uma ladeira tão boba? Ele fez uma escolha no voto e não ficou para esperar o resultado. Enquanto isso, curiosos com desejos mórbidos, fotografavam e faziam vídeos em celular. Eu vi o corpo ( estava trabalhando em local próximo do acidente), era estranho aquele sangue todo que tinha uma cor tão viva, tão intensa representar algo tão trágico. Era triste, mas virou um espetáculo que só foi ofuscado com a chegada de um candidato para votar. O corpo ficou lá esquecido por algumas horas a espera do IML, já não fazia mais parte da agitação do dia da eleição, mas despertava ainda vários olhares

domingo, 26 de outubro de 2008

Ensaio sobre a traição

Há uns dez anos, meus conceitos de traição de um casal eram bem mais relacionados a contato físico. Eu achava que era imperdoável descobrir uma pulada de cerca de um namorado também adolescente, com os hormônios a flor da pele e querendo provar para todos os amigos imbecis o quanto era macho.
Hoje em dia não consigo mais ver a traição nos relacionamentos apenas pelo lado de um "sarro" rápido. Até acredito que essas coisas podem acontecer se o relacionamento está se desgastando e nem sempre tem ligação direta com a ausência de amor, mas com um fogo novo e etc. Antes que alguém se empolgue, não sou adepta do amor livre e nem acho que a vida tem que ser "todo mundo nu", mas eu acho que uma traição apenas física é mais explicável e talvez mais fácil de perdoar.
Agora pra mim, a maior traição é quando se percebe que não existe mais lealdade e a tal da fidelidade não no sentido de beijar outra pessoa, mas de dar apoio, está do lado e defender quando for necessário. Esse é o tipo de fidelidade que eu preciso e que eu acho confortável nos meus relacionamentos.
Até mesmo na amizade, eu tento ser fiel, defendo meus amigos e se alguém por um acaso faz algo de ruim, tipo humilhar, caluniar e outras coisas. Bem, ela até tem os direitos dela, não tento fazer com que mude de opinião, mas eu sei bem de que lado irei ficar. Isso pra mim é fidelidade, isso é respeito e zelo

sábado, 25 de outubro de 2008

Amor Mais Que Discreto

Talvez haja entre nós o mais total interdito
Mas você é bonito o bastante
Complexo o bastante
Bom o bastante
Pra tornar-se ao menos por um instante
O amante do amante
Que antes de te conhecer
Eu não cheguei a ser
Eu sou um velho
Mas somos dois meninos
Nossos destinos são mutuamente interessantes
Um instante, alguns instantes
O grande espelho
E aí a minha vida ia fazer mais sentido
E a sua talvez mais que a minha,
Talvez bem mais que a minha
Os livros, filmes, filhos ganhariam colorido
Se um dia afinal eu chegasse a ver que você vinha
E isso é tanto que pinta no meu canto
Mas pode dispensar a fantasia
O sonho em branco e preto
Amor mais que discreto
Que é já uma alegria
Até mesmo sem ter o seu passado, seu tempo
O seu agora, seu antes, seu depois
Sem ser remotamente
Se quer imaginado
Se quer imaginado
Se quer
Por qualquer de nós dois

sábado, 18 de outubro de 2008

Vida besta

Quando eu era pequena, eu tinha um cinzeiro grande para me defender e a desculpa de que eu era pequena e podia ameaçar as pessoas ainda que não as machucassem de verdade. Para evitar acidentes me tiraram o cinzeiro e o tempo implacável me fez crescer. E agora? Eu cresci e não tenho mais meu escudo, as ameaças se tornaram reais, mas não são mais feitas por mim.
Às vezes ainda me sinto a garota pequena de cabelos rebeldes e que o medo de alguma coisa se resolvia quando se escondia debaixo das cobertas da mãe, os inimigos eram temporários e duravam até a próxima temporada no colégio, quando outras pessoas se tornavam protagonistas.
Eu não posso mais acordar meu pai e minha mãe e pedir para dormir no meio da cama, eu cresci e minha presença ia realmente incomodar. Eu cresci, mas os fantasmas ainda me perseguem. Por que a gente cresce?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Opções sexuais e eleições

Um assunto que está acontecendo por aqui nas eleições de São Luís e em São Paulo também e que me deixou realmente embasbacada. Agora para provar que o cara pode administrar, não basta apresentar boas propostas, ter um bom nome na política, enfim, essas baboseiras que as pessoas sempre dizem que estudam na hora de votar ( mas parece que nem sempre dá muito certo), pois bem...agora o candidato tem que mostrar e comprovar com quem anda dormindo e, de preferência, ele precisa dormir com o sexo oposto. Meu Deus, o que é isso?
Ok que o espaço público está se confundindo cada vez mais com o privado, mas estamos em 2008, acho que ninguém precisa provar nada para ninguém. Ou agora para ser aceita como boa profissional, eu tenho que dizer como anda minha vida na cama. Se pretendo casar, ter filhos e ter uma bela família convencional. Quando comecei minha vida sexual ou se eu tenho certeza que não vou mudar de time. Isso importa pra quem mesmo? Não seria só a mim e a minha cama, ainda que eu não seja amiga do rei.
Honestamente eu não vejo motivos da imprensa debater a sexualidade de quem quer que seja, mas o que me chocou foi o babado de SP. Dona Marta Suplicy, sexóloga...quem diria!
Sem comentários né!

sábado, 4 de outubro de 2008

As horas..

Enquanto o barulho da máquina domina o ambiente, eu tento me concentrar no vazio, na página em branco, nos sites de frivolidade, resumos de novela, livros que deveria comprar. Devia ter trazido alguma coisa para ler, mas quem iria imaginar que esse silêncio entrecortado pela máquina seria tão cruel?
Putz, a hora não passa, eu não tenho mais paciência